O ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes, descartou a possibilidade de expansão das lavouras de cana-de-açúcar na região Amazônica. O recado foi dado nesta quarta-feira, durante reunião realizada na Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), em Brasília. Entretanto, admitiu que serão mantidas as plantas produtivas já aprovadas. Segundo ele, o que está descartado são novos projetos de expansão do cultivo de cana no bioma Amazônia, que serão mesmo proibidos.
– A grande compensação será dada no biodiesel, com o óleo de palma – afirmou Stephanes.
Segundo o presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Mato Grosso (Famato), Rui Carlos Ottoni Prado, explorar óleo de palma não compensa a impossibilidade de plantar cana.
Prado diz que os produtores mato-grossenses querem substituir áreas já destinadas ao cultivo agrícola ou ao manejo pecuário pelo plantio de cana, sem avançar sobre novas terras. Mato Grosso enfrenta uma série de restrições ambientais.
O Estado tem terras nos biomas Cerrado, Amazônia e Pantanal, sendo que nesses dois últimos há uma série de restrições para a produção agropecuária.
Meio ambiente
As dificuldades de cumprimento das exigências ambientais, entretanto, também foram citadas por Stephanes na CNA. Foi uma referência à proposta de mudanças do Decreto nº 9605/98, encaminhadas pelo Ministério do Meio Ambiente. As mudanças, segundo ele, tornariam mais rígidas as aplicações de penas relativas a crimes ambientais.
O ministro argumentou que é necessário ter cuidado para produzir e, simultaneamente, proteger o meio ambiente, mas sugeriu parcimônia na adoção de restrições à produção agropecuária. Lembrou que áreas como “topos de morros e costa de serras” são cultivadas há mais de 100 anos no Sul do país. – Não se pode simplesmente tirar essas pessoas de lá – disse.
Crédito e incentivo
Stephanes participou da instalação da Câmara Setorial da Soja, grupo que reunirá representantes dos produtores e do governo que objetiva garantir a sustentabilidade da cadeia produtiva e recursos para financiar a lavoura.
Sobre a escassez de crédito às vésperas do plantio da safra 2008/2009, Stephanes não escondeu sua decepção com as tradings.
– Confesso que não fiquei muito feliz com o que está acontecendo. As tradings nos abandonaram – disse, cobrando “mais responsabilidade”.
Para o ministro, a produção brasileira e as tradings já operavam juntas e deverão continuar assim pelos próximos anos. Por isso insistiu que elas deveriam manter os patamares usuais de concessão de apoio no financiamento do plantio.
Ayr Aliski